quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Mini voleibol na escola

Experiência em trabalhos ativos: originalidade e liberdade
No final da década de 70 sugeri à coordenação do colégio Salesianos, de Niterói, a implantação do minivoleibol no recreio e horas vagas de seus alunos. Foram instaladas treze pequenas quadras que permaneceram até nossos dias, sempre disponíveis para a prática livre, fora do horário de aula e sem a presença de qualquer professor. Após breve período de adaptação com a novidade e a consequente aceitação, a Coordenação de Educação Física houve por bem definir a disponibilidade dos campos por séries, de forma a atender a demanda democraticamente. Mais adiante, foi-lhes sugerido organizarem torneios, que se tornaram um acontecimento inédito. E, ainda, sem a participação dos docentes. Regras, tabelas de jogos, tudo orquestrado pelos alunos. Promovi também uma reportagem inédita com a TV - Educativa no intuito de divulgar a metodologia e suas inerentes vantagens. Foi vinculada para todo o País.
Com o passar do tempo, registrou-se um fato concreto, comentado pelo experiente professor das equipes de voleibol do educandário: “A partir da instalação dos pequenos campos, os candidatos a integrarem nossas equipes já chegam jogando voleibol”.
Exemplos dessa natureza observei igualmente em clube da Zona Sul do Rio de Janeiro, onde instalei alguns campos para a prática do mini voleibol: as crianças, por si só desenvolviam destreza e habilidade no manejo da bola, raciocínio rápido e, ainda, uma inteligência tática muito aprimorada, capaz de encantar qualquer observador mais atento. Em suma, “aprendem sozinhos”, sem a presença do professor.
Estas são formas de como solucionar dificuldades para aplicação do ensino de um desporto – despertar o interesse e disponibilizar instalações e equipamento – a custo baixo. Basta ao professor, mesmo generalista ou com pouco conhecimento do voleibol, que indique aos seus alunos alguns dispositivos básicos – como organizar um torneio – para que adquiram a capacidade de se desenvolverem por conta própria.

Detalhes que fazem a diferença
Numa das aulas de apresentação da metodologia que emprego em outro educandário, observei alguns pequenos detalhes que revelam quase sempre a conduta pedagógica do estabelecimento. Nos momentos que antecederam a apresentação da classe, reparei o deslocamento quase militar dos 24 alunos sob a batuta de um dos professores de educação física. Até a entrega do grupo no ginásio onde realizaríamos a apresentação foi um silêncio constrangedor, em se tratando de crianças de 12-13 anos de idade. Após as devidas apresentações e com a presença da diretora iniciamos a aula.
Procedeu-se uma mudança brutal de comportamento, uma vez que os concitei a produzirem uma pequena algazarra com movimentos livres com a bola que cada um recebeu. Aos gritos, lançavam-nas ao alto, deixavam quicar no solo, entreolhavam-se sorrindo; dando sequência, sugeria outros movimentos buscando a espontaneidade de gestos, o que lhes parecia o paraíso. A seguir ia introduzindo novos elementos e exercícios. No entanto, não pude deixar de notar, havia uma única menina na arquibancada, muito agasalhada para o calor reinante. Inicialmente, sentara-se distante (5-6 degraus acima). Convidei-a a participar, mesmo sem o uniforme de ginástica, mas declinou gentilmente. A aula continuava agitadíssima e em dado momento pude ouvir um dos maiores elogios que um professor poderia receber por seu trabalho, ainda mais vindo de aluno que conhecera naquele instante. En passant, disse um para o outro: “Puxa, assim que tinha que ser as aulas de educação física do colégio!”. Sem perder a pose continuei meu trabalho e, mais uma vez, meu olhar posou na mesma menina da arquibancada que, agora, estava à beira da quadra e pude observar seu semblante de alegria e fervorosa vontade de estar ali brincando com os demais. Diante de novo convite discreto, disse-me: “Não posso participar, estou sem uniforme do colégio” (por isso o casaco). Ao que retruquei: “Venha assim mesmo”! Não resistiu e imiscuiu-se entre os colegas, divertindo-se a valer.

Um lembrete
“O sucesso individual é determinado pelo seu desejo (interesse), capacidade de ser ensinável e vontade de trabalhar”.
Uma regra escolar para favorecer o crescimento do aluno e sua liberdade (relativa) deveria ser a execução de uma atividade envolvente, o que o torna automaticamente disciplinado. Esta liberdade pode ser vista como a possibilidade do ser humano vencer obstáculos. Buscam-se técnicas pedagógicas que possam atrair TODAS as crianças no processo de aprendizagem, independentemente da diferença de caráter, inteligência ou meio social, lembrando que o conteúdo estudado no meio escolar deverá estar relacionado às condições reais de seus alunos e sua importância nas relações aluno-escola. Por ironia do destino, foi este mesmo colégio que freqüentei aos 11-12 anos de idade (1951-52) e, conforme relato na crônica anterior, foi ali que participei de torneios internos de basquetebol e dos Jogos Infantis. Embora a diretora seja a mesma daqueles momentos, quero crer que muita coisa mudou no educandário – para pior, infelizmente.
Dessa forma, propõe-se aos professores idealistas que estudem as condições concretas que estejam impedindo a realização de seus projetos. Uma proposta seria reinventar antigas formas de associação de alunos – o Centro Acadêmico, a Associação Atlética – que persistiram em alguns educandários até o final da década de 50. Seria uma solução para a falta de tempo dos docentes e economia para a instituição, uma vez que os próprios alunos poderiam se conduzir. E, como vimos no depoimento bem piagetiano do professor, "as crianças aprendem sozinhas".
E você, tem alguma experiência neste sentido. Gostaria de tentar? Não conheço professor que tenha reclamado.

2 comentários:

  1. Olá Roberto gostei muito do que acabei de ler e acredito que o momento de educação física é de compartilhar, gritar, de liberdade, já basta as horas que os alunos passam sentados, escutando, escrevendo, todos precisam se movimentar e de forma interdisciplinar como citado por você aprenderem com a Educação Física. Parabéns!!

    Maria Augusta

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  2. OLÁ ROBERTO, FAZ MUITO TEMPO MESMO TALVEZ UNS 40 ANOS E...QUE DESILUSÃO QUANDO O CIB GANHAVA DE 2 SETS A O E NO ULTIMO SET DE 13 A 7 E O SUIÇO DEU ((( PARA VOCÊS 9 PONTOS NA MESMA POSIÇÃO ))) NA ENTRADA DA REDE !!!! E DIGAMOS QUE VOCÊ TENHA FEITO A MAIOR DEFESA DA TUA VIDA NO CORREDOR QUANDO O DESGRAÇADO DO SUIÇO BATEU A BOLA BEM NA TUA MANCHETE !!!
    AFF !!!! QUE DRISTEZA ESSE TAL DE SUIÇO (((AMARELINHO QUE NEM ELE ERA SÓ MESMO PÔSE ))))
    VOCÊ SE LEMBRA DESSE JOGO NO ((((MOURISCO)))???
    BEM ATÉ AI NADA DEMAIS SÓ QUE NO ANO SEGUINTE O SUIÇO ERA (((NADA MAIS NADA MENOS)))
    JOGADOR DE VOLEIBOL DO MESMO BOTAFOGO
    ATÉ HOJE QUERO PERGUNTAR PARA ELE QUANTO ELE GANHOU POR BAIXO DO PANO !!!!
    ABRAÇOS

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