segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Lesões e receitas de treinamento no voleibol

Duas manchetes despertaram-me a atenção recentemente logo após ter realizado uma intervenção no blog do Arlindo Lopes Corrêa a respeito de lesões no voleibol. Vejam as notícias em ordem cronológica de postagem:
Com 2,01 m, cubano de 15 anos vira "estrela" na Liga Mundial (24.7.2009)
“O vôlei ganhou um menino prodígio. Com apenas 15 anos e 2,01 m de altura, o cubano Wilfredo Léon Venero é um dos destaques da Liga Mundial, e no momento lidera a estatística de melhor pontuador da fase final da competição. (...) Sempre jogou em categorias superiores a sua idade e com 14 anos estreou na seleção adulta”. (Internet)
Marcel Gil: o gigante português
Existirem jogadores brasileiros de voleibol com mais de 2 metros não é surpresa nenhuma. Agora, que um dos dois atletas mais altos do Campeonato Nacional seja português, aí sim é surpreendente. Marcel Gil, de 19 anos, ostenta esse protagonismo na competição e com 2,05 m só há mais um jogador: o brasileiro Gilson França, do V. Guimarães. (
www.sovolei.com/; 7.11.2009)

Acompanhem alguns trechos de nosso diálogo:
Blog do Arlindo - Durante alguns anos Nalbert foi, nas quadras, talvez a peça mais importante da vitoriosa seleção brasileira de voleibol. Aos 28 anos, porém, sofreu lesão dos tendões e operou os dois ombros, resultado da fadiga causada pelo ritmo de jogos/treinamento a que estão submetidos os atletas de hoje. Nossa seleção perdeu prematuramente um de seus principais astros de todos os tempos. Nalbert tentou voltar ao voleibol indoor, Bernardinho incentivou-o, mas não deu para manter o nível qualitativo habitual de seu jogo e o jeito foi resignar-se ao voleibol de praia.
Roberto Pimentel - Há muito, em conversa com professor e técnico influente no voleibol de alto nível, indaguei sobre a prevenção de lesões ocorridas em atletas de nossas seleções principais, pois também me preocupava que não houvesse um estudo sobre o assunto. A impressão que me foi passada foi: 1) as mazelas seriam varridas para debaixo do tapete, não deveriam aparecer; 2) a moderada atividade física realizada em salas de musculação seria suficiente para prevenir lesões; 3) os atletas já chegavam à seleção lesionados, atribuindo-se velada culpa ao procedimento nos clubes de origem; 4) não havia tempo para sua recuperação.
Ao longo da história de nossas seleções tivemos conhecimento dessa prática. Com certeza, os técnicos, ou eram pressionados, ou aplicavam o dito popular, “ruim com ele, pior sem ele”. Foi assim nas Olimpíadas de 1964, quando viajaram somente 10 atletas, sendo que pelo menos um deles lesionado e durante os jogos, ficaram reduzidos a 6 atletas. O fato se repetiria vinte anos depois nas Olimpíadas de Los Angeles. Os interesses falavam muito mais alto do que o zelo pela saúde. Algum tempo depois, um jovem atleta (Shanke?) da seleção brasileira saiu da quadra em pleno jogo e foi levado diretamente para cirurgia de mão com problemas de circulação sanguínea. Afastou-se do voleibol.
Medicina esportiva
Encontrei algumas referências sobre estudos de lesões no voleibol, a partir de trabalhos acadêmicos (não sistemáticos) na internet. Percebo que a chegada do fisioterapeuta às quadras e à praia é recente e, ainda, pouco sedimentada a ponto de influir na metodologia do treinamento. Os técnicos, com a responsabilidade de “fazer ganhar” suas equipes, têm prevalência nas decisões e pouco (ou nenhum) conhecimento sobre como prevenir lesões. No vôlei de praia quem assume toda responsabilidade é o próprio atleta, pois é o patrão. Mas existe um perigo ainda maior. Atenta à orientação que deva ser proporcionada a crianças e adolescentes na prática de atividades físicas, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) criou desde 2003 o Grupo de Trabalho em Pediatria e Medicina Desportiva (
www.sbp.com.br/). Esse grupo conta com a participação das Sociedades de Cardiologia e Traumato-Ortopedia e já produziram dois manuais abordando tópicos diversos para uma boa anamnese e exame posterior detalhado do indivíduo. Foi editado pelo SBP em parceria com o Ministério do Esporte o “Desafio de Chande”, uma versão para crianças daqueles manuais. Finalmente, o tema tem sido discutido em eventos científicos. Falta maior divulgação e, espera-se, que os responsáveis pelos treinamentos/aulas leiam e façam bom uso.
Receitas de treinamento
Muitos julgam que treinar muitas horas por dia é o melhor meio de superação dos adversários. Um dos seus aspectos negativos é a intensidade dos treinamentos. Esta concepção herdamos a partir de 1982, com a competição travada entre Bradesco (Rio) e Pirelli (S. Paulo). Era uma febre de treinamentos e viagens, com os atletas à disposição da seleção aproximadamente 9 meses. Sem isto, dizia-se, seria impossível superar as equipes de ponta no cenário mundial, representadas pela URSS e EUA, esta última campeã olímpica em 84, beneficiada como o Brasil, pelo boicote dos países socialistas ao evento. Como nesse país nada se inventa e tudo é copiado, a mídia se encarregou de difundir esse cenário, que se tornou crença, de que quanto mais treinar, melhor. Puro sofisma. Os “neoprofissionais” de plantão nunca aventaram para o detalhe que reputo mais importante em qualquer treinamento: a QUALIDADE. Além, é claro, do “ócio criativo”, isto é, os intervalos convenientes para reposição de ingredientes indispensáveis à saúde – física e mental – do indivíduo.
A este respeito, vejam o comentário de uma professora de Educação Física ao ler um trabalho pedagógico de minha autoria em que relato algumas experiências no treinamento do voleibol: “Uma citação (na obra) me faz lembrar um trecho de Aristóteles que o Bernardinho colocou no livro dele: Nós somos aquilo que fazemos repetidas vezes; a excelência, portanto não é um feito, mas um hábito!” Podemos, então, deduzir que o Bernardo Rezende (Bernardinho) é ferrenho defensor da REPETIÇÃO. Como se trata de técnico vitorioso, consagrado, pode-se concluir que a sua metodologia é a mais adequada e, portanto, deveria ser adotada. Mas, seria esta realmente a melhor forma de se atingir a EXCELÊNCIA?

O que acham?

3 comentários:

  1. Caro Roberto: sou um admirador do Bernardinho - como esportista e como pessoa - e portanto meu comentário não visa antagonizá-lo quando discordo de seu possível apego à repetição. Inclusive porque não sei exatamente em que contexto sua citação de Aristóteles foi colocada. Sou daqueles que acreditam que a riqueza de tudo está na variedade, aliás a base do evolucionismo que nos trouxe até o estádio de Homo Sapiens. A variedade permite experimentar, comparar, aferir e escolher o melhor. No voleibol, durante minha participação como atleta, elegi como lema íntimo que a boa técnica estava na variação. E assim procurei ser um atacante de muitos tipos diferentes de cortadas, com intensidades e velocidades distintas. E tendo como premissa que a mesma cortada jamais deveria ser seguida de outra igual. Interessante é narrar como cheguei a tal conclusão. Nas temporadas de 1961 e 1962 pedi que minha noiva e seu irmão (hoje minha esposa e meu cunhado) registrassem individualizadamente as cortadas dos principais jogadores do Campeonato Carioca adversários do Fluminense (onde eu jogava), especificando de que posição cortavam, para onde (posição) atacavam e o desfecho da cortada. Com esse levantamento em mãos, dei-lhe um tratamento estatístico, identificador das características de ataque de cada um. Verifiquei que o cortador mais eficaz do Rio de Janeiro era Quaresma, do Botafogo, e que o referido jogador, de cada posição de ataque, diversificava suas cortadas quase por igual nas seis parcelas em que dividi a quadra ! Concluí que sua eficácia estava na variação, pois Quaresma não era um cortador de força nem de velocidade excepcionais – mas era o melhor de todos ! Acho que o treinamento também deve ser diversificado ao máximo, evitando a monotonia, o tédio e explorando novas possibilidades, novas técnicas. Finalmente, pois já estou ocupando muito seu espaço, sou totalmente favorável a que os atletas tenham experiências variadas, culturais e intelectuais, fora do voleibol, pois isso vai contribuir para uma cosmovisão útil em qualquer situação de vida, dentro e fora da quadra. Repetir, só dando um passo à frente, sempre ! E isso não é mais repetir... É evoluir. Grato. Arlindo Lopes Corrêa

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  2. Arlindo,
    Como sempre seus comentários enriquecem este nosso espaço. Percebo sua acuidade de pensar e realizar desde aqueles tempos saudosos. Sobre a matéria - REPETIÇÂO - veja alguns cuidados que o professor (ou técnico) deverá ter ao construir e executar os exercícios no texto seguinte " Técnicas de ensino do voleibol" em que trato da pedagogia dos exercícios. Vale lembrar que por falta de espaço não toquei no aspecto do desenvolvimento emocional, para o qual reservo um capítulo à parte. Roberto Pimentel.

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  3. ATUALMENTE EXISTEM OS BONS E.. ESTICANDO MUITO A BOA VONTADE ÓTIMOS JOGADORES DE VOLEIBOL ASSIM COMO OS CHAMADOS (GÊNIOS) OU AINDA CRAQUES.SER GÊNIO OU CRAQUE NORMALMENTE É SER (AUTO DIDATA).
    LEMBRO-ME DE DOIS (GÊNIOS) VITOR BARCELLOS E QUARESMA, E.. ALGUNS CRAQUES DENTRE ELES QUE ERA LINDO DE SE VÊR JOGAR PELA PERFEIÇÃO DE SUA TÉCNICA (FEITOSA) MAS NÃO TINHA CARACTERÍSTICA DE GÊNIO !!!!
    AINDA EXISTÍA NAQUELA ÉPOCA OUTROS CRAQUES
    MAS QUE TAMBÉM (NADA DE GÊNIO TINHAM O (BATURÍ FLAVINHO,ENTRE OUTROS.FLAVINHO FAZÍA ]DUPLA IMBATÍVEL) MAS QUE TÍVE A OPORTUNIDADE DE VÊR ESSA DUPLA IMBATÍVEL TOMAR UM TREMENDO (COMO SE DIZÍA NA ÉPOCA ) UM (((VAREIO DE )) 15 À ZERO DE FEITOSA E HELINHO
    REALMENTE ESSAS COISAS NÃO SÃO COMENTADAS VÃO PARA O TÚMULO !!
    BEM NÃO VOU MAIS ME ESTENDER, MAS SOU UMA ENRIQUECIDA MEMÓRIA VIVA DOS GRANDES GÊNIOS DO VOLEIBOL ASSIM DOS REALMENTE CRAQUES DO VOLEIBOL
    CITARÍA DA GERAÇÃO DE PRATA (PRÁ CÁ) COMO DOIS CRAQUES MAS .... (RENAN E GIBA))
    QUE ME DESCULPE OS DEMAIS,TENHO-OS
    COMO GRANDES JOGADORES DE VOLEIBOL MAS... MANCHETES QUE FAÇAM A BOLA CHEGAR NO MÁXIMO À 1M DA REDE PARA QUE SAIA UMA MEXICANA PURA (TÁ LONGE AINDA NÉ !!!
    E.. ESSE PASSE TERÍA QUE SER CONSTANTE E.. NÃO ESPORÁDICO SÓ MEMO ASSIM O RESTO DO TIME FICARÍA LÍVRE PARA (BRINCAR COM OS ADVERSÁRIOS)
    CLARO SE FÔSSE O FAMOSO ((((VITINHO)) LEVANTANDO!!! QUE ME PERDÔEM TODOS MAS É A REALIDADE !!!PASSE PASSE PASSE !!!
    BJS PRÁ TODOS !!!!

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